O fenômeno do "médico leigo"
- papo delegista
- 25 de abr. de 2024
- 2 min de leitura

Ao imaginar a figura do médico geralmente lembramos dos que individualmente nos atenderam, consultaram e cuidaram. Da figura do Pediatra, do Obstetra, do Médico de Família - salvo odiosas exceções - tende a povoar nossas lembranças queridas, apesar das circunstâncias dolorosas.
Também haviam os médicos que influenciavam nas mídias tradicionais, com campanhas por saúde, esclarecimento de temas polêmicos, entrevistas na imprensa. Colunistas, emitindo opiniões públicas, de maneira formal, educativa e propositiva, mesmo que polêmicas. É o que determina a atuação pública do médico pelo Código de Ética Médica, em seu capítulo XIII, sobre a publicidade médica.
Não estamos aqui para repisar o que está claro. O rápido avanço tecnológico, com instituições médicas quase arcaicas, permitiu uma profunda mudança na comunicação da ciência.
O assodado avanço deu voz ao ignorante, e pior, ao médico ignorante. Figura que sempre existiu mundialmente, o médico leigo, que apesar do acesso ao acervo científico internacional, não possui formação sólida para interpretar e sopesar estudos e evidências.
O médico leigo não é desatualizado. Ele é leigo mesmo, e pode ostentar títulos. Porém, o argumento da autoridade não dita a ciência.
O intelecto, a ética, o profundo conhecimento do método e produção científica, dos conceitos bioestatísticos, são o conteúdo do bom médico. Apenas esse deve ser o influenciador.
É aqui que devemos valorizar o profissional cientista que sempre deu norte ao médico cotidiano. Dentre tantos cientistas, de tantas formações acadêmicas, eu destaco o médico sanitarista, o especialista em saúde pública, em saúde coletiva, em medicina de família.
Não posso deixar de falar dos meus nobres colegas de especialidade, que se dedicam à medicina normativa, medicina legal, medicina forense, medicina pericial, medicina legislativa, jurisprudência médica. Traduzimos para a sociedade todo o arcabouço médico biológico, utilizando linguagens específicas para cada circunstância. Emitimos laudos, pareceres, informativos, relatórios e depoimentos que sirvam ao Estado, na intersecção entre a Medicina e as Ciências Jurídicas e Sociais, para a distribuição do que é justo, distribuição da Justiça.
Retornando ao nosso ponto chave. Quem é seu “influenciador”? Qual opinião ouvir e em quem acreditar, em meio ao turbilhão de informações acessíveis? Há um conselho importante nesse sentido.
A prioridade universal deve ser dada ao médico que exerce a profissão com Ética. O Código foi produzido para proteger a sociedade. De charlatões, curandeiros, sensacionalistas e dos que praticam apenas e tão somente autopromoção e captação de “clientela”.
E aqui, apresentamos o bom - e sempre em aprimoramento - Código de Ética Médica.
Leia, sinta seu espírito, e observe. Fuja de quem não respeita esse documento. Quem não respeita o Código de Ética, não respeita o paciente e muito menos a sociedade.
Escolha bem seu influenciador.
Por Gabriel Ramos Senise. Médico - CRM/SP 176.602, Especialista em Medicina Legal e Perícias Medicas (TAMB 237.239), áreas de pesquisa Medicina Geral e Interna, Práticas Baseadas em Evidências, Danos Associados aos Cuidados de Saúde, Direito Médico, Direitos Humanos, Psicopatologia, Responsabilidade Civil, Ética, Administrativa e Penal na Saúde.
Instagram: @drsenise
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